Número de estudantes com mais de 60 anos cresceu 56% em 9 anos. É caso do lageano Benjamin Schultz, que se formou em Engenharia Civil aos 80 anos.
O número de idosos matriculados em cursos de ensino superior no Brasil tem crescido significativamente, refletindo uma tendência mundial de busca pela educação contínua na terceira idade. Segundo dados do Censo de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), atualmente, 51,3 mil idosos estão matriculados em universidades brasileiras, sendo 26,6 mil mulheres e 24,7 mil homens. Entre 2012 e 2021, houve um aumento de 56% no número de estudantes com mais de 60 anos.
Para os aposentados, que somam cerca de 23 milhões no Brasil, conforme o Sistema Único de Informações de Benefícios (Suibe), o estudo é uma maneira de manter a mente ativa e a saúde em dia. Diversas pesquisas indicam que a aprendizagem contínua pode melhorar a memória, estimular a criatividade e aumentar a concentração, além de ser uma importante ferramenta para combater o declínio cognitivo natural do envelhecimento e prevenir doenças como o Alzheimer.
A professora Maria Cristina Araujo de Brito Cunha, do curso de Gerontologia da EAD UniCesumar, reforça a importância do aprendizado na terceira idade: “O estudo é fundamental para o bem-estar físico, mental e social do idoso. Ele ajuda a manter a autoestima, promove a inclusão social e melhora a saúde cognitiva, além de capacitar os idosos a cuidarem melhor de sua saúde e se adaptarem às mudanças tecnológicas e sociais.”
Estudar na terceira idade vai além do conhecimento acadêmico; é uma forma de garantir uma longevidade ativa e de qualidade. Seja para manter-se atualizado em temas de saúde, tecnologia ou apenas como um desafio pessoal, os idosos estão encontrando no ensino superior um novo caminho para a promoção da autonomia e o aprimoramento da saúde física e mental.
Este é o caso do “seu” Benjamin como é carinhosamente chamado pela equipe do polo da UNIASSELVI Lages (SC), onde ele se formou no semestre passado em Engenharia Civil. Aos 81 anos, ele conta que desde jovem sonhava em ser engenheiro. Em 2020, durante a pandemia foi ele quem engajou a turma EAD semipresencial a se adaptar aos encontros com o tutor on-line.
“Alunos mais novos se recusavam a entrar no modelo remoto, mas estávamos no período de isolamento. Eu fui um entusiasta desta prática, até liderei esclarecendo a necessidade. Na verdade, foi um esforço em conjunto com professores e alguns colegas”.
E completa:
“Me senti muito bem e gratificado quando eu vi que as aulas remotas estavam com uma boa adesão. Foi um aprendizado a mais para mim encabeçar esse movimento”.
Cinco benefícios do estudo para a saúde do cérebro
1) Manutenção das capacidades cognitivas: O estudo estimula a memória, o raciocínio e outras funções cerebrais, retardando o declínio cognitivo associado ao envelhecimento. Atividades educacionais, como a leitura e o aprendizado de novas habilidades, mantêm o cérebro ativo e saudável.
2) Bem-estar emocional: O aprendizado promove a autoestima e o sentimento de utilidade. A pessoa idosa, ao se engajar em estudos, sente-se valorizada e desafiada, o que melhora seu humor e combate a solidão e a depressão, condições comuns nessa fase da vida.
3) Inclusão social: Participar de atividades educacionais oferece oportunidades de socialização, o que é crucial para evitar o isolamento social. O contato com outros estudantes, sejam eles da mesma faixa etária ou de gerações mais jovens, promove a troca de experiências e o fortalecimento dos vínculos sociais.
4) Aprimoramento da saúde física: O estudo de temas relacionados à saúde, como nutrição, atividades físicas e hábitos saudáveis, capacita os idosos a cuidarem melhor de sua saúde. O acesso a informações atualizadas e científicas permite escolhas mais conscientes e saudáveis, prevenindo doenças crônicas e promovendo uma melhor qualidade de vida.
5) Promoção da autonomia: A educação contínua pode ajudar a pessoa idosa a se adaptar às mudanças tecnológicas e sociais, facilitando sua independência. Isso pode ser especialmente importante em questões práticas do dia a dia, como o uso de aplicativos de saúde, sistemas bancários digitais e redes sociais para manter contato com familiares e amigos.