João Muniz, 18 anos, de Lages, é o piloto mais jovem do Sul do País a se tornar piloto de arrancadões, e de ter o próprio caminhão, um Scania, ano 73, totalmente adaptado. É bem verdade que está apenas começando. Participou até agora de apenas três provas, e ainda não chegou ao pódio. A mais recente, nos dias 9 e 10 de julho, em Morro da Fumaça, no Sul de Santa Catarina.
Em conversa com a reportagem do Portal Lages Hoje, ele revelou que só poderia começar a carreira quando completasse os 18 anos, é quando o conjunto de automobilismo de caminhão, ou seja, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), libera.
Revelou que a arrancada de caminhão sempre esteve na família, e desde criança teve no avô, Adilson da Silva, mais conhecido como Kiko e no tio/avô Charles da Silva, a inspiração. Ele esteve sempre acompanhando de perto, ao longo de oito anos do Arrancadão Serrano de Caminhões, idealizado pela própria família, e que se tornou um campeonato, inclusive, autorizado pela CBA, porém, realizado somente em Lages. “O meu avô era o presidente dos eventos”, disse.
Portanto, como se vê, desde pequeno o jovem João esteve envolvido com os possantes caminhões, e seguiu esperando a vez, ansioso, até que neste ano de 2022 foi possível. E, para entrar nas disputas não é necessário ter a carteira de motorista com habilitação para dirigir caminhões, e sim, ter uma carteira de piloto emitida pela Confederação. Basta ter uma carteira de habilitação como qualquer motorista. A liberação para as pistas independe da habilitação de motorista. Na verdade”, eles me liberaram para fazer a carteira antes de eu ter a habilitação de carro”, revela João.
Não é fácil ser piloto de caminhão em Lages
A prova exige muita resistência física. Por outro lado, não há como treinar com frequência. Em Lages, não tem um lugar para praticar. Não existe um espaço adequado. “Sendo assim, fico apenas envolvido na oficina, na manutenção do meu caminhão e do meu tio, ajudando no que posso. “Meus treinos ocorrem somente dois ou três dias antes da etapa, nos treinos livres, quando posso dar uma testada no caminhão e ver no que dá”, comenta.
Prova em Morro da Fumaça
A etapa disputada em Morro da Fumaça, a mais recente, e terceira na ainda curta carreira de piloto, João teve muitas dificuldades. Segundo disse, a pista é muito complicada, muito curta, e o asfalto não é tratado. Segundo conta, é uma pista que não tem a cola VHT. “Mas foi bom. Meu tio tirou dois vices lugares, na categoria Supertruck, que é uma categoria protótipo. Mesmo com os resultados, ele continua líder do campeonato”.
Sobre si mesmo, João contou que tem um caminhão que ficou seis anos parado, e está voltando à ativa somente neste ano. Está em fase de ajuste do motor, bomba, e precisa fazer a caixa. Mas, é um caminhão que está se desenvolvendo bem. Agora, a ideia é partir para uma evolução de chassi, e tornar uma distribuição de peso melhor. “Em Lages, na minha primeira prova, tive uma infelicidade, trincou o bloco do motor. Em Balneário consegui correr em todas as categorias, sem quebrar o caminhão. Foi um uma grande evolução, vamos dizer assim”, conta.
Próxima etapa
Esquecendo os problemas, o trabalho agora passa por melhorias no caminhão, e em setembro estar com tudo em dia, para estar em Morro da Fumaça novamente, e depois esperar pela final do campeonato, em novembro. São ao todo cinco etapas. No ano que vem acho que a gente tem a volta do Arroio do Silva, uma tradicional prova de arrancada na areia.
Expansão das competições
João ressalta que a organização das competições em Santa Catarina deverá expandir e tornar o campeonato em um brasileiro, com provas fora do Estado. Aliás, já tiveram experiência fora, em uma competição em Curitiba (PR). Segundo conta, são provas em que participam pilotos de todo o Brasil, vindos, por exemplo, de São Paulo e Mato Grosso do Sul. São provas com cerca de 40 pilotos ou mais. Por fim, disse que tem a sustentação de alguns patrocinadores locais, e também de terras distantes, como São Paulo.
Futuro
Na vida pessoal, trabalha no escritório do pai e já possui duas pequenas empresas em seu nome. Na universidade, está por começar o Curso de Engenharia Mecânica. Sobre a carreira de piloto, concluiu dizendo que vai seguir se aprimorando, e quem sabe poder pilotar em grandes provas, e quem sabe, conquistar os primeiros títulos.


Créditos vídeos e fotos: Paulo Chagas e acervo de João Muniz
Reportagem: Paulo Chagas