Pela primeira vez na Expolages, Ivens Ortigari Neto, de 26 anos, trouxe de Curitibanos/SC cinco cavalos para competir nas provas funcionais da raça campeiro. Sob o julgamento de três avaliadores, entre eles, o carioca Henrique Brinckmann, de 67 anos, médico veterinário e responsável pela homologação do cavalo campeiro em Santa Catarina. Ivens se consagrou alcançando o grande campeão nas modalidades macho e fêmea – animais com idade a partir de 12 a 72 meses ou mais.
De acordo Ivens Neto, o fato de possuir um centro de treinamento voltado para a raça em questão, colaborou para o desempenho conquistado na Expolages. “Participar da maior feira de agronegócios do Estado requer uma preparação especial, como por exemplo, desde os cuidados da alimentação, bem como o peso e a pelagem do animal”, destacou Ivens. Ele também mencionou que o cavalo premiado na modalidade fêmea era criação do avô dele. “Com o prêmio aumenta a valorização do animal perante ao mercado e consequentemente, a comercialização de coberturas. Na próxima edição, pretendo estar em Lages novamente”, disse Ivens.
Segundo o presidente do Núcleo Lageano de Criadores de Cavalos Campeiros, Eduardo Cenci, foram inscritos 30 animais nesta categoria, de 19 criadores oriundos de SC e do RS. “A conformidade genealógica do animal, ou seja, a proporcionalidade do corpo, capaz de proporcionar maior comodidade ao cavaleiro, é o principal critério de avaliação”, explicou Eduardo. Para o avalista Henrique Brinckmann, o cavalo campeiro teve passado, presente e o que tudo indica, um futuro promissor devido à funcionalidade, criação simples e estrutura.
Histórias do processo de reconhecimento e homologação do cavalo campeiro em SC
Conforme as narrativas de Henrique Brinckmann, na década de 80, criadores de cavalos de Santa Catarina solicitaram à Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional, órgão responsável pela equideocultura no país, vinculado diretamente ao ministro de Estado de Agricultura, um estudo de reconhecimento dos cavalos existentes na região serrana – inicialmente em Lages, Curitibanos e Campos Novos.
A partir disso, por meio de embasamentos históricos e técnicos, junto ao representante do Ministério da Agricultura, Noélio Costa, o médico veterinário Henrique Brinckmann ficou encarregado em comprovar a existência de rebanhos diferenciados em SC. “O tipo de cavalo que encontramos tinha características distintas das demais raças, como o andamento marchado, a utilidade nos serviços do campo, a garupa e estrutura forte, e também a cabeça leve. “Costumamos reconhecer determinada raça pela cabeça do animal. Depois de 32 anos de trabalho, essas características estão cada vez mais definidas. Então, isso evidencia que os cuidadores deram continuidade até chegar na qualidade da praticidade e do ponto de vista zootécnico dos animais que aqui estão expostos”, declarou Henrique.
(Fotos: Mário Tissot).