Programa lançado pelo governo federal tem intenção de promover a concorrência e aproveitar melhor recursos energéticos do país. Câmara do Deputados também discute abertura do setor e fim do monopólio da Petrobras
O Novo Mercado de Gás, lançado na última semana pelo governo federal, pode trazer ganhos na oferta de gás natural no país. A avaliação é do especialista em petróleo e gás da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Jorge Abreu.
“A ideia é aquela regra de mercado: com maior oferta, a tendência seria é de redução de preçosbaixar o preço. Se a indústria e as térmicas vão usar mais gás, se os custos dessas indústrias diminuem por causa do gás, se o gás for mais barato, vai ter um reflexo positivo de um modo geral para a população”, afirma Abreu, ao lembrar que a Petrobras detém 70% do mercado de exploração e distribuição do combustível no país.
Atualmente, a maioria da cadeia de processamento, escoamento e transporte do gás natural é concentrada na estatal. Com o Novo Mercado de Gás, o governo pretende garantir acesso de empresas privadas nas operações de escoamento e transporte.
O programa foi criado justamente para ampliar a concorrência do mercado brasileiro, dominado pela Petrobras. Com a medida, o Executivo espera baratear a energia e diminuir o custo da indústria que utiliza o produto como fonte energética e matéria-prima nos setores siderúrgico e petroquímico, por exemplo.
“Nós temos certeza que o preço vai cair, porque nós vamos aumentar brutalmente a oferta, com um choque de investimentos no setor. Então, que o preço vai cair, vai. A, agora, se vai cair 20%, 30%, 40% ou mais, não sabemos”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, no anúncio. A expectativa do governo é que o preço do gás possa ser reduzido em até 40% em dois anos. Reduções desta ordem podem elevar o PIB industrial entre 8% e 10%, segundo estimativa do Ministério da Economia.
Preço alto
O preço médio do gás natural no Brasil é de aproximadamente US$ 14 por milhão de BTUs (unidade térmica britânica, na sigla em inglês), mais do que o triplo dos US$ 4 cobrados nos Estados Unidos. Na Europa, este valor está em torno de US$ 7 a 8 por milhão de BTU.
Durante o lançamento do programa, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que institui o Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural. O órgão será responsável por coordenar ações e atividades para quebrar o monopólio do petróleo e do gás natural.
Aproximadamente 20% do total do gás de cozinha tem origem no gás natural. A medida, segundo o governo, tem potencial para que a redução também alcance o preço do botijão. Outro efeito da abertura do mercado se daria no preço da energia, já que há usinas térmicas que utilizam o gás natural como combustível para a produção de energia.
Repórter Paulo Henrique / Foto: Agência Brasil
Imagem: Ítalo Novaes – Agência do Rádio Mais